Sem programação gráfica de última geração, jogo simples que beira o tosco. É assim que podemos resumir o campeão de popularidade no ano da pandemia. Lançado em 2018, o Among Us – entre nós, em português – atingiu a marca de 100 milhões de downloads no terceiro semestre deste ano. O game está na quarta posição na lista dos mais comprados pela plataforma Steam e o terceiro em tempo jogado nos últimos dias, com quase 140 milhões de horas.
O jogo tem como cenário o espaço sideral e tripulantes como protagonistas. O objetivo dos jogadores é identificar o impostor e completar a tarefa ao redor do mapa, uma vez que os impostores tem a função de eliminar os outros. Após cada rodada, começa uma dinâmica de votação para definir quem é o culpado ou inocente. Sim, simples assim.
As quantias de Among Us eram pequenas até agosto, mês em que começou a ganhar maior visibilidade quando famosos decidiram transmitir partidas por meio das plataformas Twitch e Youtube. Nomes como, PewDiePie, Felipe Neto e até o craque Neymar entraram na onda de caçar impostores. Devido ao isolamento social imposto pela Covid-19, um quarto da população mundial apostou nos videogames como um entretenimento, algo que, para o Among Us, causou um dobro de lucro em relação ao ano passado.
E esse sucesso chegou também na esfera política. Em ano de eleições nos Estados Unidos e no Brasil, a deputada estadunidense Alexandria Ocasio-Cortez protagonizou uma das lives com maior audiência da história da Twitch, ultrapassando a marca de 5 milhões de visualizações. Guilherme Boulos (PSOL) e Arthur Do Val (Patriota), candidatos à prefeitura de São Paulo, também entraram na onda nas lives do jogo durante as campanhas.
De acordo com Denis Sá, cofundador do Instituto Enjoy, “a lição que fica com o estouro do jogo é a de que a simplicidade também é vencedora e nem sempre é preciso usar recursos digitais complexos para que o entretenimento alcance o mundo inteiro”. “A peculiaridade do Among Us é que ele leva o jogador para além do fenômeno passageiro, e por aproximar o público jovem também conseguiu se tornar uma ferramenta política”, conclui Sá.